Capitulo IV
No dia 24 de maio de 2002, eu precisava ir à escola da Rita, para pedir uma bolsa de estudos, mas fiquei com medo de ouvir uma recusa. Estava envelhecendo e as coisas que antes não me amedrontavam, agora me deixavam temerosa.
Ao lhe contar sobre esse meu receio, você como sempre me abraçou e disse:
- Mãe, eu vou com você.
Quando entramos na escola, você colocou seu braço sobre os meus ombros e me apertou de encontro a você, como se fosse para me proteger, e eu me senti protegida.
A faculdade estava muito cara, ia nela toda a minha aposentadoria.
Vendo o sacrifício que eu fazia para poder pagá-la, você quis desistir de estudar.
- Mãe, não dá; vou largar a faculdade!
Mas você já estava no terceiro ano de psicologia e eu pedi para você não desistir… você me atendeu.
Dois anos se passaram.
De repente o telefone toca, atendo, e você num grito alto e sonoro diz:
- Mãeee, passeiiii ! Passeiiiiiii ! Mãe eu me formei! Mãeeee sou psicólogo.
Acredite Edu, aquela emoção que você sentiu eu senti em dobro.
Filho, você está formado, você realizou seu grande sonho, o sonho de ser psicólogo.
Quando na colação de grau chamaram seu nome, chorei. Emocionada lembrei de tudo que passamos juntos, lembrei do meu moleque, do meu adolescente, e ao ver você de beca se aproximar da mesa, pegar o canudo e ser cumprimentado, mais uma vez senti orgulho de você.
Ao dançar com você a valsa de formatura, notei que havia muitos pais felizes, mas, garanto que nenhum deles estava mais feliz que eu.
Estávamos no ano de 2005. Você me convidou para tomar um café na padaria, e ali, junto à sua noiva e os pais dela, vocês anunciam que haviam iam se casar.
Tomei um susto. Para mim você ainda era um moleque.
Meu filho, cheia de satisfação levei-o ao altar; vi Giuliana entrar com o pai, e o mesmo entregá-la a você, com carinho.
E, foi com muita emoção, que vi vocês dois se unirem perante Deus.
Só posso lhe dizer que você escolheu muito bem. Sua esposa além de ser bonita, amá-lo muito, é também uma nora maravilhosa, a nora que toda sogra desejaria ter.
Quando seu pai ficou hospitalizado, essa moça meiga e doce compreendeu a dor que estávamos passando, e por isso, muitas vezes, nos acompanhou ao hospital. Em outras tantas, ela levou-me até aquele nosocômio.
Muitas noites, deixando o seu “ninho de amor”, você veio com sua amada dormir aqui em casa; a preocupação de vocês foi sempre não me deixar sozinha.
Com a morte do seu pai, você chorou, chorou muito e com seus olhos da cor do mar marejados de lágrimas, olhando para mim, disse:
- Mãe, não adianta eu sentar no degrau da porta para esperar por ele, como fiz quando pequeno, agora ele não volta nunca mais.
Desta vez eu não consegui falar nada.
As despesas da casa são grandes, só tenho minha aposentadoria, e para conseguir pagar todas as contas deixei de fazer feira e de comprar algumas coisas no supermercado.
Um dia você chegou trazendo uma caixa de papelão sobre os ombros e sorrindo disse:
- Mãe, esta é a minha cesta básica para a você.
Fiquei muito emocionada.
Final de março de 2009, você se tornou pai. Abraçados vimos o nenê através do vidro do berçario.
Filho desejo que você, sua esposa e seu filho sejam muito felizes.
Estamos no início do mês de junho de 2009, você esta com 31 anos, mesmo você estando casado e tendo se tornado pai, nada entre nós mudou, você continua sendo o meu anjo da guarda.
Eu sei que você já deve estar cansado de ouvir, mas eu não me canso de dizer:
- Eu o amo muito. Deus o abençoe meu filho.
Muriel Elisa Távora Niess
Texto registrado em cartório
Nenhum comentário:
Postar um comentário