Por Muriel Elisa T. Niess Pokk
Meu filho nasceu em 1978 e minha filha em 1980.
Dei à luz a Rita, às 7 horas da manhã, após ter sido submetida a uma cesariana.
Ao meio-dia, entra em meu quarto um pediatra que, sem muita delicadeza, fala em disparada: "Sua filha é 'mongol', fica roxa com muita facilidade, porque tem problemas cardíacos, e nem ao menos consegue mamar direito. Mas não fique muito chateada não, pois ela deve morrer logo; crianças com essa síndrome não vivem muito tempo, talvez nem chegue a sair do hospital."
Chocada, perguntei: "Mas, ao menos, ela se mexe?" E ele respondeu: "E de que adianta isso?"
Dizendo essas coisas, sem ao menos me dar tempo de perguntar mais nada, saiu do quarto, na mesma velocidade com que entrou, para nunca mais retornar. O choque foi muito grande. Eu estava sozinha. Não tinha ninguém para conversar, pois cada membro da minha família tinha seus afazeres, não podia me fazer companhia no hospital.
Meu marido tinha ido trabalhar, mesmo podendo ter optado por ficar comigo.
Uma dor imensa me invadiu. Senti-me abandonada, como se estivesse em alto-mar agarrada apenas a um pedaço de madeira, sem terra à vista.
Como uma criança pequena, chorei desesperadamente. Não queria acreditar, não era verdade que minha filha era down. Esse médico tinha se enganado, há tantas pessoas que se enganam.
À noite, quando meu marido chegou e contei a ele o que o médico tinha dito, ele apenas falou: "O que a gente pode fazer? Paciência!". Sem dizer mais nada, deitou-se e dormiu. Chorei e rezei a noite inteira. Tinha a certeza, agora, pela frieza de suas palavras, de que ele não me daria apoio algum.
No dia seguinte, ele saiu às 6 horas da manhã, sem tocar no assunto. Às 6:30, trouxeram minha pequena Rita para que eu pudesse segurá-la. Eu estava deitada, pois ainda não podia levantar a cabeça, por causa da anestesia.
Então a colocaram nos meus braços. Ao sentir seu corpinho franzino e pequenino junto de mim, percebi o quanto ela era indefesa e frágil. Segurei suas mãozinhas e falei para ela: "Estarei sempre ao seu lado, nunca vou abandonar você. Nós duas, juntas, vamos vencer todas as barreiras que surgirem em sua vida. Juntas, vamos vencer tudo e todos."
CONTINUA... cap II
O texto De Mãos dadas com Deus
encontra-se registrado em cartório.
Você pode copiar desde que coloque:
1. O título original.
2. O nome da autora.
3. O nome do blog
4. O endereço do blog.
Respeite sempre os direitos autorais
Nenhum comentário:
Postar um comentário