12 de set. de 2009

ATITUDES PRECONCEITUOSAS II

Atitudes Preconceituosas II
Muriel Elisa Távora Niess Pokk

Fazendo pesquisas em escritórios, fábricas, oficinas e outros lugares, vi que o preconceito é acentuado contra o portador de deficiência.
Vi chefes, encarregados e funcionários em geral que tomam atitudes preconceituosas, sem ao menos tentar ver as qualidades do ser humano, sem ao menos tentar ver todo o esforço que faz o portador de deficiência para no trabalho dar o máximo de si mesmo.
Minha amiga paraplégica contou-me sua odisséia para ir procurar emprego.
Resolvi mais uma vez passar-me por portadora de deficiência. Desta vez eu era uma cadeirante.
Precisava saber se todos que eram obrigados a andar de cadeira de rodas eram tratados da mesma forma que ela fora, ou se o caso dela tinha sido um caso à parte.
Pedi uma de suas cadeiras de roda emprestada, sentei-me nela e fui para a rua.
Já na rua, rente à guia comecei a fazer sinal para os táxis que passavam, mas, mesmo eles estando vazios, não pararam. Depois de muito tempo, já cansada de acenar, expliquei a um transeunte minha situação e pedi a ele que parasse um táxi para mim. Ele gentilmente sinalizou para um táxi que passava, imediatamente o mesmo parou. Quando o taxista soube que a pessoa que acenara não iria comigo no táxi, ele não aceitou me levar. Tentei lhe dizer que sabia me locomover sem ajuda, mas de nada adiantou. Parecia que ele não ouvia o que eu dizia. Rispidamente falou:
- NÃO VOU FICAR CARREGANDO NINGUÉM NO COLO.
Bateu a porta do carro e se foi.
Um outro táxi parou. Antes de ouvir algum desaforo, eu expliquei a ele sobre experiência que estava fazendo, assim, só assim, foi que ele me levou até a cidade.
Finalmente, cheguei ao prédio onde se localizava a firma em que ia fazer a entrevista.
Entrei, segui por um corredor para pegar o elevador. Qual não foi minha surpresa, quando me deparei com os cinco degraus que me levariam ao corredor onde se encontrava o elevador. Procurei, mas não localizei nenhuma rampa que me possibilitasse ultrapassar esse obstáculo... nem sequer havia portaria onde eu pudesse pedir ajuda.
De posse do celular, liguei para a firma e disse que já chegara e me encontrava no térreo. Expliquei que por causa do obstáculo encontrado não havia como chegar ao décimo segundo andar (onde se encontrava a empresa).
Esperava que eles dissessem que iam mandar alguém para me auxiliar, mas, infelizmente a resposta que ouvi foi:
NÃO PODEMOS FAZER NADA.
Creio que o mínimo que a firma deveria fazer era avisar-me desse empecilho, uma vez que sabia ser eu uma cadeirante.

Texto registrado em cartório

* Muriel é palestrante sobre a síndrome de Down.
* Em 1994 - Criou na religião Católica Apostólica Romana o curso de catequese, (curso de religião) para pessoas com deficiência intelectual, possibilitando assim que os mesmo pudessem fazer a primeira comunhão.* Em fevereiro de 2.000 – Criou a 1ª sala de bate-papo para portadores de deficiência. Pelo ineditismo da mesma, publicaram o fato, vários jornais entre eles: 1) Diário Popular, 14/03/2000 (caderno informática, págs. 1 e 3); 2) O Globo, do Rio de Janeiro (caderno Informática, pg. 7); Consta ainda na ata da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo "ATO DE LOUVOR" .* Em fevereiro de 2000 - Criou O Site Grandes Encontros
http://www.grandesencontros.com.br . Primeiro site do mundo de encontros para pessoas portadoras de deficiência.
* 2005 - Participou do grupo Movitae - estudo da célula tronco. Aprovado 04 de março de 2005, Câmara, Brasília.
* 2006 – 10 de maio - agraciada, com o troféu: "Mulher de sucesso 2006", Câmara Municipal de SP.

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