28 de abr. de 2009

De mãos dadas com Deus I - Cap VIII

De mãos dadas com Deus I

Capítulo VIII

Por Muriel Elisa T. Niess Pokk

Rita passou a estudar em uma escola normal. Tinha apenas 10 alunos em cada classe.As professoras a adoravam. Quando ela não entendia algo, elas lhe explicavam com carinho. Se a dificuldade persistisse, as professoras me chamavam e me passavam a matéria, para que pudesse explicar com mais tempo para ela.

Dá até gosto de dizer e pensar na conquista. Foi no Externato São Paulo, uma escola maravilhosa, em que todos eram tratados com igualdade, que minha filha fez o primário completo, sem repetir nem um ano sequer. Terminou o curso com 14 anos. Mas ela queria continuar os estudos. Cursar o ginásio.

Esperei até Rita completar 15 anos e me matriculei com ela numa escola da Prefeitura, no período noturno. Assim podia compreender melhor as explicações e ensinar a matéria para ela. Mesmo porque, se não me matriculasse, ela não poderia ir a escola também. Diziam que não havia professor especializado.

Um dia uma professora de português colocou-a longe de mim, para que fizesse a prova sozinha, porque não acreditava que ela conseguisse dar conta das questões. E ela fez. Nota? "P" (equivale a 10).

Enquanto estudávamos o primeiro ano do ginásio, ela quis aprender computação. Por amor a ela, comprei um computador e fui aprender a lidar com ele. Cada coisa que eu aprendia no computador ia passando para ela. Ela fez o ginásio até a 7ª série. Depois não quis mais continuar.

O computador ela adora. Já sabe até fazer etiquetas para talão de cheques, fora os joguinhos, que são sua diversão. Outro dia, eu estava mexendo no computador. Após ter entrado no diretório "D:" e brincar com um joguinho, não sabia mais como voltar para o diretório "C:".

Eu estava reclamando alto por não acertar, quando ela chegou pertinho de mim e disse: "Não é assim, mãe. Você tem primeiro que fazer isso." E, assim, quem está me ensinando algumas coisas agora é ela. Minha filha é minha melhor amiga. Muitas vezes, quando o mais velho faz malcriação, ela me fala: "Mãe, ele é adolescente, deixa ele. Amo você, eu nunca vou responder para você."

Um dia, ao ver todas as minhas sobrinhas quase da mesma idade da minha filha se vestirem em alvoroço para irem a uma danceteria, senti dó da Rita e chorei. Ela perguntou por que eu estava chorando.

Eu, que nunca menti para ela, disse que era porque ela era deficiente. Ela olhou zangada para mim e disse "deficiente, mãe! Isso era quando eu era pequena. Você já me curou." Ela enxugou minhas lágrimas e me abraçou. Foi fazer um café gostoso, que trouxe para mim.

Em outras situações, quando estou doente, fica ao meu lado sem dormir para cuidar de mim, trazendo-me remédios, água ou o que eu precisar. Outro dia, ligou para minha irmã pedindo para que viesse em casa porque eu estava com muita dor de cabeça e ela não sabia que remédio me dar. Essa filha é um presente de Deus. Encerro com uma coisa maravilhosa que ela escreveu, sozinha, no computador, com letras bem grandes, e me deu de presente: "Obrigada por você ser minha mãe."

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