Naquela noite
Muriel Elisa Távora Niess Pokk
Muriel Elisa Távora Niess Pokk
Nós nos amávamos muito e apesar das dificuldades que enfrentávamos éramos felizes.
Para complementar o orçamento doméstico eu arrumei mais um emprego.
Todo final de tarde trazia para casa folhas e folhar de papéis escritos a mão para serem datilografados.
Eles deveriam ser entregues no dia seguinte, por isso eu ficava até altas horas da noite datilografando.
Você meu amor ficava ao meu lado.
Com muita paciência varias vezes me convidada para ir para a cama, queria dormir pertinho de mim, queria aproveitar os nossos momentos juntos para conversarmos, mas apesar de amá-lo muito eu não
podia aceitar seu convite, não tinha tempo para lhe dar a atenção que tanto merecia.
Ao ouvir minha recusa, você colocava seus braços em volta do meu pescoço, me abraçava com ternura
e me beijava com muita doçura.
Eu lhe retribuía os beijos, fazia carinhos em seu no rosto, às vezes desalinhava seus cabelos numa
brincadeira e riamos felizes.
Depois dessa troca de carinhos, eu lhe dizia que não podia ir me deitar com você pois tinha muito trabalho a ser feito.
Você me olhava com seus olhos verdes da cor do mar, voltava a me beijar e abraçar, e se afastava meio triste.
Quando eu pensava que você já estava dormindo, você chegava de mansinho com um cafezinho quentinho que acabara de fazer.
Isso fazia com que meu coração ficasse enternecido.
Aí você ficava mais um pouco ao meu lado, depois, já meio sonolento, pedia desculpas por
não agüentar ficar acordado e ia dormir.
Isso se repetiu muitas e muitas vezes.
Pedrão!
Eu juro, queria lhe dar todo o carinho que você me pedia, e merecia, mas não tinha tempo.
Nós só nos encontrávamos à noite, e eu precisava dela para trabalhar.
Estava muito frio... era maio. Como das outras noites você desceu as escadas, estava vestindo seu pijama verde... nossa, como você estava lindo, não resisti, levantei e dei-lhe um abraço apertado e muitos beijos.
Você sorriu e disse:
- Abre as mãos e fecha os olhos.
Eu fiz o que você me pedia.
Senti uma folha grossa ser depositada em minhas mãos, sem desconfiar do que se tratava abri os olhos... Que surpresa, que emoção, lágrimas abundantes correram pela minha face... na folha de papel estava escrito:
Diploma de Datilografia, e logo abaixo, Eduardo Pokk.
Em minhas mãos estava o seu diploma de datilografia.
Você meu filho com apenas 8 anos, sem que eu soubesse, você pedira para seu tio pagar o curso de datilografia, queria me fazer uma surpresa.
- Mãe agora eu posso te ajudar a datilografar e assim você pode dormir cedo e descansar mais.
Naquela noite eu larguei tudo que estava fazendo e fui me deitar pertinho de você.
Colocando meu braço sob sua cabeça e o abracei.
Você se acomodou dentro desse abraço e dormiu.
Aquela noite, vai ser para sempre, uma noite inesquecível.
TEXTO REGISTRADO EM CARTÓRIO
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